domingo, 27 de abril de 2008

Nairo Alméri, do Hoje em Dia, dedicou sua coluna à Cedro & Cachoeira

A palestra da companhia aos investidores mineiros foi promovida na última sexta-feira pela Apimec-MG. José Domingos Furtado, mediador da apresentação, entregou ao presidente da empresa, Aguinaldo Diniz Filho, o "Selo Assiduidade" pelo quinto encontro consecutivo.

Confira a coluna do jornalista Nairo Alméri:

Rota da Cedro para retomar os lucros

Em 2007, a Companhia de Fiação e Tecidos Cedro e Cachoeira ainda continuou no vermelho. Mas teve o mérito de chegar, em 31 de dezembro, com uma redução de 75,3% no prejuízo de 2006 - de R$ 19,8 milhões para R$ 4,9 milhões. A receita líquida da companhia avançou 14,4%, para R$ 352,3 milhões, mas com perdas de 10% nas exportações, de R$ 41,5 milhões.

O diretor-presidente da Cedro, Agnaldo Diniz Filho, prevê que, já neste exercício, voltará a ser lucrativa. Interpretando o sentimento dos dirigentes das empresas representadas pela Associação Brasileira da Indústrias Têxtil e de Confecções (Abit), Diniz Filho disse que "2008 está um ano melhor". A Cedro, com 136 anos de existência, possui quatro fábricas - Sete Lagoas, Caetanópolis e Pirapora.

Para deixar para trás, neste ano, o período dos balanços no vermelho, a Cedro conta, basicamente, com os efeitos positivos de três posturas que começaram a apresentar resultados em 2007. Uma delas - a mais destacada na apresentação e na parte do relatório do balanço reservada ao "desempenho econômico-financeiro" -, é a redução dos estoques. Em 2002, a companhia operava estoques médios para 106 dias de vendas. Baixou para 90 dias, em 2006, e 67, no ano passado. "Estamos com o Sistema Toyota (modelo de gestão do grupo japonês): empresa limpa e a fábrica produzindo só o necessário", diz, confiante, o diretor de Relações com Investidores, Fábio Mascarenhas Alves.

Com menos matérias-primas, insumos e produtos em linha e acabados estocados nas fábricas, a Cedro elevou a sua geração de caixa em 555,6%, em 2007, com resultado de R$ 22,3 milhões. Hoje, diz Fábio Mascarenhas, a empresa tem um ciclo financeiro de 85 dias, o mais baixo desde 2001.

"Nós estávamos errados. Foi feita mudança importante na diretoria, em 2006, e os resultados estão surgindo. O estoque era excessivo", admitiu Diniz Filho. Ele calculou em 31% a redução de capital no fluxo financeiro. Hoje, completou, a companhia, além de fugir da formação de estoques "indevidos", está com a produção muito vinculada às vendas e "acompanhando melhor a tendência do mercado de moda".

1) Dívida menor - A diretoria da Cedro deu à redução do endividamento da companhia o mesmo tratamento vip dispensado ao item estoques. No passado, a empresa aplicou uma redução de 12,7%, para R$ 132,1 milhões. Contribuiu a diminuição de 26%, para R$ 16,9 milhões, na necessidade de investimentos.

2) Perfil melhor - Fábio Mascarenhas apontou, além da redução na dívida líquida, como importante nas perspectivas otimistas da Cedro, a renegociação da dívida - principalmente com BNDES, BDMG e Banco do Brasil -, melhorando o perfil dos vencimentos. Antes da negociação, os compromissos eram de R$ 85,4 milhões - 56,6% do total - para este ano. Após, caíram para R$ 71,8 milhões - 47,1%.

3) Ser a 1ª - Entre as metas da Cedro, para retornar ao clube das empresas lucrativas, está a liderança na fabricação dos brins da linha profissional - uniformes e de segurança. «A Cedro é a segunda e nós queremos passar a Santista (Grupo Camargo Corrêa), que é a primeira». Este tecido, com destaque para o «retardante de chamas» e «arco elétrico» (em teste pela Cemig), tem maior valor agregado - R$ 17 o metro.

4) Servidores - Para crescer nos negócios dos brins profissionais, o presidente da Cedro admite que a companhia aposta, sim, na criação de uniformes para o serviço público.

5) Expansão - Hoje, a capacidade dos brins profissionais nas instalações da Cedro é para 2,4 milhões de metros/mês. De acordo com seu presidente, será aumentada de «forma considerável», sem a necessidade de novos investimentos, em função da flexibilidade implementada no mix de produção. Estes brins respondem por 35% a 36% do faturamento da companhia.

6) Eletricidade - Nos custos operacionais, a Cedro quer avançar na geração própria de energia, chegando a 35% da sua demanda, via expansão na capacidade de sua PCH, de 3 megawatts (MW) para 11 MW. A usina fica no Rio Paraoninha - afluente do Rio Cipó. A Cemig participa dos estudos do projeto, que será direcionado para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), podendo ter até 80% de financiamento do BNDES.

7) Até 2016 - Por enquanto, o diferencial da Cedro, em termos de abastecimento de energia, está no contrato com a Cemig: garantia de abastecimento até 2016, ao preço de R$ 108 a R$ 109 o megawatt/hora, contra R$ 540 para os contratos, em janeiro.

*Acordo - Nas negociações que terão a participação da Abit, amanhã e terça-feira, nos Estados Unidos, com as presenças dos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, está a tentativa de retirada de alíquotas de 17% a 22% nos tecidos brasileiros.

*Mercado - A importância que a indústria têxtil nacional dá para um acordo com os EUA é medido pelo valor dessa pauta de importação daquele país: US$ 100 bilhões anuais. O Brasil só participa com US$ 300 milhões - incluindo cama e mesa. A pauta total brasileira, para todos os mercados, em 2007, foi de US$ 2 bilhões.

*Revitalize - No país, para o curto prazo, a Abit espera pela regulamentação da nova Política Industrial, que estenderá o acesso às linhas de crédito do BNDES, no programa «Revitalize», para empresas com faturamento acima de R$ 300 milhões. Esta fonte tem juros subsidiados para capital de giro e fixo, com a possibilidade de um redutor de 20% para credores adimplentes. «(Agora) permite a entrada da Cedro e Cachoeira», comentou seu presidente.

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