quinta-feira, 26 de março de 2009

Tractebel: retrato da maior geradora privada do País


Controlada por um dos maiores grupos da área energética na Europa (GDF Suez), a Tractebel Energia teve o seu desempenho em 2008 apresentado aos nossos associados no dia 18 de março através de exposição do analista de relações com investidores Rafael Bosio. Participou ainda o diretor-financeiro da empresa, Philippe Dartienne, em mesa presidida por José Domingos Furtado, presidente da Apimec-MG.
Segundo Bosio, a Tractebel é o maior gerador privado de energia elétrica, com 6,2 GW de capacidade instalada, o que representa 6% de todo o setor energético no País. Localizadas em doze estados brasileiros, são oito usinas hidrelétricas, quatro termelétricas, duas eólicas, duas PCHs e uma usina de biomassa. Em construção estão uma hidrelétrica, uma PCH e uma usina de biomassa, somando uma capacidade geradora de 473 MW.
A empresa é pioneira no atendimento sistemático ao mercado livre de energia elétrica no Brasil e procura maximizar a eficiência do portfólio dos seus clientes, através de flexibilidade com relação a preços, prazos e condições dos negócios. Entre eles estão incluídos distribuidoras (44%), clientes livres (34%) e comercializadoras (22%), sendo que 70% desse mercado é cativo.
A visão da Tractebel para os próximos anos levam em conta que os preços do fornecimento devem se elevar, mesmo com a desaceleração da economia, em razão do alto custo de geração das usinas termelétricas, com as quais conta o Governo Federal para contratação de energia em leilões. Sua estratégia de comercialização considera, entre outros aspectos, a venda gradativa de energia descontratada nos próximos anos, procurando obter maiores ganhos com uma melhor observação das demandas do mercado.
Do ponto de vista financeiro, a Tractebel tem aumentado tanto a sua receita quanto o lucro líquido nos últimos anos, tendo este passado de R$920 milhões em 2005 para R$1.115 milhões em 2008. Isso foi resultado, principalmente, do aumento do preço médio de venda, apesar da redução dos volumes de comercialização ano passado imposta por força regulatória do poder concedente.
Outro aspecto relevante destacado foi a redução significativa do endividamento em moeda estrangeira no período 2005-2008. No final do ano passado, a dívida líquida da Tractebel estava em R$2.559 milhões. A manutenção e a expansão da empresa estão suportados numa forte geração de caixa, tendo os investimentos alcançado o volume de R$1.422 milhões em 2008, com planos de serem reduzidos gradativamente até chegar a R$168 milhões em 2011.
Sobre a política de dividendos, os representantes da Tractebel informaram que o mínimo estatutário está fixado em 30% do lucro líquido ajustado, tendo a administração o compromisso de um payout mínimo de 55% desse lucro, com freqüência semestral de pagamento. Em 2008, o dividendo por ação foi de R$1,16 e o payout 68%. Com relação à sustentabilidade dos seus negócios, a empresa ficou de divulgar um relatório em abril próximo.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Neoenergia mostra seus resultados


Uma das empresas de melhor rating no setor elétrico brasileiro, a Neoenergia teve a situação dos seus negócios apresentada aos associados da Apimec-MG e convidados no dia 11 de março passado, em Belo Horizonte, através de palestra realizada pelo diretor financeiro Erik Breyer, que esteve acompanhado pelo gerente financeiro Luiz Torres. Representando a associação, participou o diretor Leandro Saliba.
A Neoenergia reúne as concessionárias Coelba (Bahia), Celpe (Pernambuco) e Cosern (Rio Grande do Norte), com o forte das suas atividades se concentrando na área de distribuição de energia elétrica. O crescimento da empresa nessa área, em 2008, foi de 4,3%, alcançando a 8,37 milhões de consumidores nas classes residencial (35%), industrial (24%), comercial (19%), rural (7%) e outros (15%).
Além dos estados citados, a Neoenergia atua ainda na área de geração em Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo, onde estão instaladas cinco usinas hidrelétricas, sete pequenas centrais hidrelétricas, duas termelétricas e uma subestação. Os investimentos relativos a esses empreendimentos chegaram a R$662,9 milhões em 2008.
Segundo Breyer, a empresa deve seus resultados em boa parte à administração eficiente das despesas gerenciáveis (pessoal, material, serviços de terceiros e outros), que representam 26% do total e tiveram queda de 10,5% no ano passado, sendo que a redução das despesas com provisões alcançaram R$113 milhões no período. Outros dados destacados foram a receita operacional líquida (R$6,2 bilhões), com um crescimento de 8,8% e lucro líquido da ordem de R$1,47 bilhão, 32,4% maior em 2008, com relação a 2007. A dívida líquida, contratada totalmente em reais, caiu de R$2,4 para 2,3 milhões ano passado.
O diretor da Neoenergia também destacou a preocupação com questões ambientais envolvendo os seus empreendimentos e as regiões em que atua, afirmando que foram realizados investimentos da ordem de R$122,5 milhões nas áreas de educação, cultura, saneamento, saúde, esporte e apoio às comunidades.
Essa foi o terceiro ano consecutivo que a Neoenergia esteve participando das apresentações promovidas pela Apimec-MG, recebendo, por isso o Selo de Assiduidade da associação. A apresentação completa em PDF pode ser solicitada à Apimec-MG pelo e-mail supervisao@apimecmg.com.br

sexta-feira, 13 de março de 2009

Mercado volátil mesmo com baixa da Selic


Apesar do positivo impacto no curto prazo, a tendência é de que a redução da taxa Selic para 11,25% promovida pelo Banco Central não mantenha esse efeito a médio e longo prazo no comportamento do mercado de capitais, que continuará volátil, já que os investidores deverão manter elevados níveis de desconfiança na economia. A opinião é de José Domingos Vieira Furtado, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais – Apimec-MG, comentando o resultado da reunião do Copom esta semana que levou a taxa ao seu menor valor histórico, com uma redução de 1,5%, a maior desde a implantação do Plano Real.

Para José Domingos, a medida deveria ser complementada com uma política fiscal mais agressiva, canalizando de forma otimizada os gastos públicos e/ou reduzindo impostos, a exemplo da redução do IPI para veículos novos, porém de uma mais generalizada para todos os setores da economia. Assim, o governo federal estaria dando também a sua contribuição para a recuperação da economia, o que deverá acontecer com um incremento da atividade via aumento do crédito e do consumo.

Mas isto pode ser difícil tendo em vista que os spreads dos bancos continuam bastante elevados. Por exemplo, citou, entre outubro e novembro do ano passado, empresas de primeira linha captavam recursos por volta de 105% do CDI. Hoje, este indexador se encontra próximo de 120%. Ou seja, haverá uma redução no custo do crédito, porém a desconfiança do mercado financeiro continuará elevada, fazendo com que a redução da taxa de juros tenha um impacto apenas parcial na economia.

Na mesma linha, assinalou o presidente da Apimec-MG, os bancos apenas repassarão a redução na taxa de juros mas os spreads deverão permanecer elevados em função da expectativa de aumento na inadimplência. No caso do mercado acionário, reduções na taxa de juros no longo prazo são sempre motivos de valorização. No curto prazo, o mais importante é a confiança do mercado de que a decisão tomada foi feita de uma forma profissional, levando em consideração todas as informações relevantes disponíveis no momento da tomada de decisão.

Segundo José Domingos Furtado, o Banco Central precisa de tempo para observar os efeitos da redução na economia real e nas expectativas. Por exemplo, pode acontecer que os bancos tenham uma melhora da percepção quanto à tendência da inadimplência, o que pode levar a uma redução do spread que cobram que se traduz, de fato, numa redução da taxa de juros que pode aquecer a economia.

Dessa forma, o BC poderia reduzir menos a taxa de juros na próxima reunião pois o efeito da redução anterior teria sido amplificado pela redução do spread. O contrário pode acontecer também, de forma que uma redução maior seria necessária para contrapor o efeito de um spread bancário maior. O importante é que se tenha tempo para verificar todos os efeitos diretos e indiretos que a recente redução terá na atividade econômica, concluiu.