sexta-feira, 13 de março de 2009

Mercado volátil mesmo com baixa da Selic


Apesar do positivo impacto no curto prazo, a tendência é de que a redução da taxa Selic para 11,25% promovida pelo Banco Central não mantenha esse efeito a médio e longo prazo no comportamento do mercado de capitais, que continuará volátil, já que os investidores deverão manter elevados níveis de desconfiança na economia. A opinião é de José Domingos Vieira Furtado, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais – Apimec-MG, comentando o resultado da reunião do Copom esta semana que levou a taxa ao seu menor valor histórico, com uma redução de 1,5%, a maior desde a implantação do Plano Real.

Para José Domingos, a medida deveria ser complementada com uma política fiscal mais agressiva, canalizando de forma otimizada os gastos públicos e/ou reduzindo impostos, a exemplo da redução do IPI para veículos novos, porém de uma mais generalizada para todos os setores da economia. Assim, o governo federal estaria dando também a sua contribuição para a recuperação da economia, o que deverá acontecer com um incremento da atividade via aumento do crédito e do consumo.

Mas isto pode ser difícil tendo em vista que os spreads dos bancos continuam bastante elevados. Por exemplo, citou, entre outubro e novembro do ano passado, empresas de primeira linha captavam recursos por volta de 105% do CDI. Hoje, este indexador se encontra próximo de 120%. Ou seja, haverá uma redução no custo do crédito, porém a desconfiança do mercado financeiro continuará elevada, fazendo com que a redução da taxa de juros tenha um impacto apenas parcial na economia.

Na mesma linha, assinalou o presidente da Apimec-MG, os bancos apenas repassarão a redução na taxa de juros mas os spreads deverão permanecer elevados em função da expectativa de aumento na inadimplência. No caso do mercado acionário, reduções na taxa de juros no longo prazo são sempre motivos de valorização. No curto prazo, o mais importante é a confiança do mercado de que a decisão tomada foi feita de uma forma profissional, levando em consideração todas as informações relevantes disponíveis no momento da tomada de decisão.

Segundo José Domingos Furtado, o Banco Central precisa de tempo para observar os efeitos da redução na economia real e nas expectativas. Por exemplo, pode acontecer que os bancos tenham uma melhora da percepção quanto à tendência da inadimplência, o que pode levar a uma redução do spread que cobram que se traduz, de fato, numa redução da taxa de juros que pode aquecer a economia.

Dessa forma, o BC poderia reduzir menos a taxa de juros na próxima reunião pois o efeito da redução anterior teria sido amplificado pela redução do spread. O contrário pode acontecer também, de forma que uma redução maior seria necessária para contrapor o efeito de um spread bancário maior. O importante é que se tenha tempo para verificar todos os efeitos diretos e indiretos que a recente redução terá na atividade econômica, concluiu.

Nenhum comentário: