sábado, 9 de agosto de 2008

Empresas da América Latina de olho na Bovespa


A atual volatilidade do mercado financeiro, que derrubou os índices de todas bolsas do mundo, não tirou o brilho da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) no cenário latino-americano. Empresas argentinas, chilenas, colombianas, mexicanas e paraguaias, de setores como mineração, energia e financeiro, estão a um passo de listarem seus papéis na bolsa brasileira.

O potencial de atratividade da Bovespa e as intenções de empresas latino-americanas em negociarem os seus papéis no país foram debatidos na manhã de hoje, durante o 1º Encontro Mercado de Capitais, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em Belo Horizonte.

“Hoje a maioria das empresas interessadas em ingressarem na Bovespa apenas estão esperando a turbulência passar. É uma questão de momento, mas acredito que até o início do próximo ano teremos uma série de grupos da América Latina com os papéis listados aqui”, disse Hans Lin, diretor do Merril Lynch e um dos palestrantes do evento. Nos últimos 12 meses, 33 ofertas de IPOs foram arquivadas, segundo dados compilados pelo Merril Lynch. Para Lin, o movimento não foi de desistência, mas de espera.

Além de Hans Lin, o evento contou com as palestras de Luiz Fernando Azevedo Resende e Márcio Lobo, sócios da LatinFinance; e Alexandre Barreto, sócio do escritório Souza, Cescon Avedissian, Barrieu e Flesch Advogados. Entre os presentes no seminário estiveram executivos de indústrias mineiras e diretores de instituições de ensino, além do presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais em Minas Gerais (Apimec-MG), Paulo Ângelo Carvalho de Souza.

Para Souza, a tendência é de que as empresas de capital aberto da América do Sul e até mesmo da América Latina concentrem negociações na Bovespa, sobretudo após a sua fusão com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) no primeiro semestre deste ano, criando a terceira maior bolsa de valores do mundo. O impacto, segundo ele, seria bastante positivo. “Iria aumentar a movimentação dos negócios, as alternativas de investimentos, a liquidez da bolsa. Iria atrair mais investidores estrangeiros, de todo o mundo, podendo a partir daí consolidar um índice para o continente”, avalia.

“Em um mercado globalizado, toda empresa de presença mundial tem a obrigação de ter seus papéis negociados na Bovespa. Mais do que uma oportunidade de negócios, ter ações na nossa bolsa é uma questão de estratégia”, observa o diretor da Fiere Gestão de Recursos Financeiros, Juliano Lima Pinheiro. Segundo o especialista em mercado de capitais, uma mineradora chilena e uma empresa paraguaia do setor de energia estariam analisando a viabilidade de listarem seus papéis na Bovespa. O Banco da Patagônia, da Argentina, foi a última empresa sul-americana a ingressar na bolsa brasileira, no último trimestre do ano passado.

Uma opinião foi unânime no evento: a Bovespa continua com elevada liquidez, mesmo após sucessivas quedas. A afirmação, segundo os analistas, se fundamenta em dois motivos. Primeiro, porque o recuo do Ibovespa se deu basicamente em função de turbulências internacionais, como a crise norte-americana e a recessão européia.

Em segundo lugar, em função do próprio volume financeiro negociado na bolsa, atualmente na casa de US$ 3 bilhões por dia. Há cerca de cinco anos essa cifra não ultrapassava US$ 300 milhões/dia. “Isso mostra que o mercado de capitais brasileiro está maduro e ficará ainda mais promissor após a chancela de grau de investimento”, analisa Hans Lin. Segundo o executivo do Merril Lynch, setores industriais, de logística, energia, commodities e consumo são os mais cobiçados pelos investidores.
Fonte: Fiemg

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